sexta-feira, maio 22, 2009

Dentro da Baleia mora o Mestre José

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u570040.shtml

Certas homenagens não podem passar em vão.
Certas almas não podem ser esquecidas.
Zé Rodrix partiu.
Com ele, uma aura de sensibilidade, inteligência, e humanismo.
Não só grandes canções, mas todo um ideal do flower power mineiro, do rockeiro ativista, da canção poesia, da paz de espírito.
Vá em paz Zé.
E não esqueça o seu cigarro de palha.

terça-feira, março 10, 2009

Audiovisual Infrasensorial?

Boa terça-feira, caros leitores!


Pessoalmente, sempre fui um inimigo do videoclipe. Enquanto meus colegas de adolescência fixavam os olhos na telinha da tevê para assistir Clip Trip, Top20 da MTV e outras baboseiras, eu me perguntava: "Se a música fosse boa, não precisava de imagens; se as imagens fossem boas não precisavam da música".

Mas isso foi muito tempo atrás. Hoje, não concordo com o Vicente de 1991. Pelo menos, não no cerne da questão. Ainda me desgostam os clipes, tanto pela edição irritante quanto pelo fato de não agregarem à música.

Em tempo: esse é o momento em que devo admitir meu gosto pessoal por qualquer clipe que se resume à banda tocando. Adoro.

De todo jeito, o Vicente de 1992 estava certo nesse ponto. Os clipes geralmente tentam contar a mesma história que a música. É difícil um clipe realmente somar vídeo + áudio e vir com algo interessante, da mesma expressiva poética que define a formula pão + carne = hambúrguer.

E por quê há clipes? A banda quer aparecer, mostrar sua imagem, e melhor, VENDER DISCOS! Nem tanto, hoje em dia, já que muitas bandas querem apenas cliques, eyeballs, unique visitors, downloads em sua página no MySpace. Plus ce change, plus ce meme chose (se alguém souber francês, adicione os acentos).

Uma narrativa audiovisual deve acrescentar sentido à música e vice-versa. Na ópera, as atuações e os cenários são ruins, porque estão apenas dando suporte à música, espetacular. Nos musicais da Broadway e o Teatro Abril, peca-se pela superprodução. Estou aqui pela cantoria e pela música, ou pelos cenários de 30 mil cristais? Estarão realmente as colinas vivas com o som da música ou com o som de bolsos fundos que pagam modernos e novos efeitos especiais?

Se o vídeo é mais importante, então o áudio se torna a ferramenta da sutileza. Assista à cena do esfaqueamento no box do banheiro de "Psicose" sem os acordes de cordas dissonantes, assista "Terremoto" sem subwoofers, assista "Guerra nas Estrelas" ("Star Wars" para os mais jovens) e me digam o que acham de um filme sem trilha. É esquisito, e não funciona.

Chega de teoria. Assistam o vídeo anexo e aprendam na prática.


Prestem atenção em tudo que assistem e ouvem. Vale a pena.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Mallu Magalhães e a Pedofilia do Pop

Você está errado, a Mallu Magalhães não é a estrela desse post. Aqui não é o myspace, e aqui no Epifonia vivemos de brisa, não patrocínios.
Tanto porque:
- apesar da Mallu ter voz de criança, a voz em si não é considerada motivo de pedofilia nos anais dos corredores do Congresso Brasileiro.
- apesar da Mallu ter sido descoberta por uma imprensa que valoriza a pedofilia, todos sabemos que o jornalismo musical brasileiro é sério e profissional.
- apesar de Mallu ter sido potencializada por músicos velhos ou barbudos, sabemos que a idade mental similar não configura pedofilia, apenas relação afetiva modernosa entre infantes.
E o que é pedofilia então?
- Michael Jackson
- Jacksons Five
- Sandy & Junior
- É o Tchan
Descobri que Stevie Wonder gravou seu primeiro disco aos 12 anos. Seria esse um caso de pedofilia?
Pedofilia é um ato escroto, que não poderia trazer bons resultados. E Stevie gravou mais de 20 álbuns, vários hits e discos de ouro, e continua na ativa disseminando boas energias.
Esses são indícios positivos, de que ele não sofreu pedofilia portanto.
E Mallu? Chegaria ao segundo álbum?
Pois é, os tempos mudaram. Ela deve chegar não só ao segundo, mas a vários discos! E junto com seu novo affair Miranda (novamente velho e barbudo), será a salvação da indústria fonográfica! Ela não é uma gracinha?
Gravará mais de 20 álbuns, emplacará vários hits e discos de ouro, e continuará na ativa por um bom tempo.
Disseminando pedofilia.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Elton John no Brasil

Você leu sobre o repertório e a fila.
Você leu sobre o camarim e as estrelas.
Agora no Epifonia você lerá sobre a Madonna.
Madonna? O que ela tem a ver com isso?
Madonna é judia, beijou Jesus, e por isso ela tem a ver com tudo.
Em relação ao Elton John, a única relação que encontramos é a proximidade de shows que ambos fizeram no Brasil. A dita cuja em dezembro, ele em janeiro.
Pois vamos às comparações completamente descabidas e desarrazoadas:
- enquanto Maria primou por um show espetáculo com mil dançarinos e pirotecnia broadwayriana, Reginaldo apenas sentou e tocou num piano à esquerda de um palco simples;
- enquanto Marie mostrou-se musculosa ativa e loira, Reginald mostrou-se gordo encasacado e loiro;
- enquanto o show de Marian trouxe glamour e estrelitude ao Pânico na TV, o de Reginaldus veio com improvisos e versões extendidas para o fim de semana da praia;
- enquanto Madam esbanjou saúde e ginástica, Elts esbanjou familiaridade com o piano e a banda.
- enquanto ela contou com microfones de lapela, ele cantou com voz rouca e forte.
Em suma, longe dos palcos e dos shows:Madonna gerencia sua produtora,
Elton toca rock´n roll.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Nove Mil Los Angeles: A Nova Aventura de Durvalzinho

Nove Mil Anjos é o novo produto da Chororó Corporations, tendo à frente o famoso nômade [sandy] Júnior. A alcunha "camaleão" está patenteada para David Bowie, mas também seria útil no caso.
Disseramme [ainda usa hífen?] que o nome do projeto remete a romances espíritas de grande potencial comercial. Concordo, mas convido os leitores a refletirem sobre o significado oculto por trás dessas palavras: seria um código? seria uma homenagem àqueles que trarão o sucesso? seria um nome fantasia? ou seria uma fantasia de carnaval?
Muitos segredos se escondem nas fazendas de Durval-pai, por entre os matos e gados do Rancho Fundo.
No mais, Durvalzinho cortou os cabelos evidenciando um corte moicano. Não sei qual o significado disso, mas meu cérebro sentiu-se obrigado a entender a informação como audio-visual, o que não ajudou muito, já que seu rosto de bom moço não combina com um cabelo punk. Mas deixo a controvérsia para os amigos cabeleireiros decidirem.
Áudio-visual? Quanto ao aúdio há controvérsias...pode ser que a banda sirva pra divulgar uma marca de cosméticos, ou produtos eróticos de grife. Se insistirem no áudio, imagino que farão um cover de Gilberto Gil, como todas as bandas novas buscando reconhecimento.
Ou de Chico Buarque para mostrarem conteúdo.
Ou de Ronnie Von (fase psicodélica) para engajarem-se no rock infinito.
Ou da Banda Calypso para se identificarem com o novo público de rock.
Afinal, de muitos calypsos se faz a rua augusta!

segunda-feira, outubro 31, 2005

COISAS QUE (AINDA) NÃO ENTENDEMOS

Na recém criada seção “Coisas que não entendemos” dessa semana, falarei de um dos grandes clássicos contemporâneos da música pop brasileira: Hyldon, em seu clássico “Na Rua, na Chuva, na Fazenda” (com letras maiúsculas conforme manda a gravadora).
Não, essa música não é do Kid Abelha! Nem daquele cara que tocou sábado passado naquele barzinho em que você estava. Trata-se do grande sucesso do Hyldon, compositor baiano dos anos 70, da mesma leva de Tim Maia, Cassiano, e uma então soul-music brasileira.
Pois bem, todos vocês devem se lembrar da música, ou ao menos saber a letra de cor. É justamente aí que está o problema, a letra da música, já que os acordes seguem aquela velha cadência menor do tipo B-29. Na letra, ocorrem as mais diversas dúvidas conceituais, desafiadoras da razão, imaginação e mesmo a licença poética moderna.
Vamos ao trecho mais grave da canção:
“jogue suas mãos para o céu, e agradeça se acaso tiver, alguém que você gostaria que, estivesse sempre com você, na rua na chuva na fazenda, ou numa casinha de sapê”
Pensemos juntos agora:
1- “jogar as mãos para o céu”: o autor quer entrar em contato com o Criador, isso é claro, mas porque desta maneira tão mórbida? Ora, jogar significa lançar um objeto em direção a algo, e nesse caso as mãos de Hyldon ainda estão presas ao corpo (ele tocava violão nessa época), o que torna tal situação insustentável, pois a morbidez não faz parte de uma música de amor. Sugiro “levante os braços...”!
2- “na chuva, na rua, na fazenda”: não faz o menor sentido! Chuva é uma situação, rua e fazenda são lugares. É claro que o autor quer provar que faria amor loucamente com sua amada em qualquer situação, mas essa gradação de substantivos está em colapso! Chuva não é lugar, e não pode vir seguida de uma palavra que exprima lugar, senão o ouvinte fica confuso, perguntando a si mesmo “será que existe uma rua chamada Chuva?”, ou “rua é uma forma de efeito climático criado pelo efeito estufa?”. Assim fica difícil!
3- “....ou numa casinha de sapê”: Admira-nos a volatilidade de Hyldon em relação aos seus locais de fetiche sexual. Da rua e o perigo iminente, ele vai para fazenda e o contato direto com o mato e carrapatos, para então partir para a longínqua casinha de sapê! Porque ele não vai para uma casa de tijolos dentro daquela fazenda? Ou será que nos anos 70 existiam casas de sapê ao lado de frondosas fazendas? Hyldon se perde novamente em palavras jogadas ao vento...
4- “alguém que estivesse sempre com você”: depois de toda essa confusão, o autor quer levar os demais para o triaton rua-fazenda-casinhadesapê (sempre regado à chuva; ou não?), achando que essa prática urbana, rural, de clima equatorial e vanguardista, é perfeitamente natural. Quer levar outros para o mau caminho, Hyldon? Mensagens subliminares? A serviço do Regime Militar? então acabamos de encontrar o colega esquecido de Wilson Simonal nos bares, samba, delação e tudo mais!
Há outros casos como “gostar de quem num gosta de mim”, que demonstram certa demagogia amorística fajuta, o que no entanto pode ser facilmente encontrado em todas as músicas do Jota Quest, e também no pagode, música sertaneja, axé...
Os problemas mais graves são aqueles demonstrados acima, sem solução aparente. Alguma sugestão? Medida legal, jornalística ou física? O que fazer, frente a este impasse?
Reze ao Aleatos. Ou ao Mobutu, já que são manifestações musicais, e Mobutu é senhor das guerras e das demandas. Musicais, claro.